AQUI HÁ

domingo, 14 de dezembro de 2008

3 FUI ÀS SORTES E SAFEI-ME

Se não fossem as açordas de alho, os gaspachos, as “valduregas” e a manteiga-do-padre, se calhar, eu hoje não estava aqui. Foi esta dieta mediterrânica que me salvou da guerra.
No dia das “sortes” um sargento anafado cagou-me a seguinte sentença: “tu não podes com as calças, quanto mais com uma espingarda. Desabelha daqui, não serves para o Ultramar”.
Foi o que me safou.

A Laurinda era a moça mais bonita da raia e eu era um mancebo que só queria paz… e amor. Não precisava de ir combater por nenhum Portugal lá longe, toda a minha terra estava à mão de semear.
Mandei-os levar nas nalgas e voltei à minha aldeia.
Foi a minha primeira bebedeira!
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Fui às sortes e safei-me
Direito que nem um fuso
Não compreendo aquele uso
De fazer tudo aprumado
Ele há coisas que eu cá sei
Que só se fazem curvado

Fizeram-me a vistoria
Levaram tudo a preceito
Até me viram o peito
E um pouco mais ao fundo
Cada qual na sua vez
E tal como veio ao Mundo

No fim, já mais à tardinha
Deram um papel timbrado
Onde vinha o resultado:
Não me davam qualquer uso.
Fui às sortes e safei-me
Direito que nem um fuso
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Música: João Gil

1 comentário:

Anónimo disse...

Estou pr'aqui a decidir se gosto mais de ti em verso, se em prosa...

Beijo amigo!
Lena