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sábado, 20 de dezembro de 2008

8 POSTAL DOS CORREIOS

O Natal era a noite mais bonita do ano. O povo acarretava madeiros para as traseiras da igreja e mesmo que chovesse não havia problema: a água secava antes de cair, tal era a força das labaredas.
Durante a missa de Natal, as mulheres à frente e os homens atrás, em pé e de chapéu na mão, entoavam cantos ao Menino. Quando entravam todos à uma depois do “alto” até o menino se arrepiava.
As roupas eram as mais bonitas e a aldeia era a nossa família.
Por volta da uma da manhã reunia-se o pessoal todo à volta do lume. Cantava-se, bebia-se, puxavam-se uns brasidos mais para o pé onde as linguiças e a entremeada se temperavam de azinho e oliveira. E por ali se ficava a noite inteira até o frio da madrugada vencer o calor do povo.
O Pintinhas, que Deus tem, apanhava todos os anos uma “cadela” que lhe dava até ao Ano Novo.
As crianças recebiam alguns presentes: chocolates, confeitos, peúgas, pijamas… e de vez em quando uma boneca do Rosal, dessas que fecham os olhos, ou umas pistolas de xerife com um rolinho de fulmi­nantes. Eu, num desses anos, ganhei um cavalinho com rodas. Corri tudo montado nele.
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Querida mãe, querido pai. Então que tal?
Nós andamos do jeito que Deus quer
Entre os dias que passam menos mal
Lá vem um que nos dá mais que fazer

Mas falemos de coisas bem melhores:
A Laurinda faz vestidos por medida
O rapaz estuda nos computadores
Dizem que é um emprego com saída

Cá chegou direitinha a encomenda
Pelo “expresso” que parou na Piedade
Pão de trigo e linguiça prà merenda
Sempre dá para enganar a saudade

Espero que não demorem a mandar
Novidades na volta do correio
A ribeira corre bem ou vai secar?
Como estão as oliveiras de “candeio”?

Já não tenho mais assunto pra escrever
Cumprimentos ao nosso pessoal
Um abraço deste que tanto vos quer
Sou capaz de ir aí pelo Natal
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Música: João Gil

8 comentários:

Anónimo disse...

Camarada, estas todas toquei-as muitas vezes por muito sítio. Lê-las agora é uma muito boa viagem no tempo. Gosto muito da prosa e sabes que mais? Merecia uma encenação à séria. Abraços. mp

Silvestre Gavinha disse...

Que lindas histórias.

San disse...

sivestre gavinha

estas histórias são um disco fabuloso...

http://www.instituto-camoes.pt/cvc/disco/15/riogrande.html

zoltrix disse...

O mê filho diz:
COOL! TÁ FIXE!
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nã sê que diga, mas o rapaz é dos computedôres......êl lá sabe.....
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Anónimo disse...

Eu próprio estudei nos computadores, mas fui logo mudar de profissão. O que é que eu tinha na cabeça??? O verso é espectacular!!!

Um grande abraço!

Pedro Canas

Anónimo disse...

Estou de acordo com o MP!
Força nisso para os dois, que eu contribuo com as palmas!

Beijo amigo.
Lena

Nuno disse...

Olá! Eu sou o Nuno, estou tenho 12 anos e vivo em Vila Nova de gaia. Estou actualmente a estudar a sua canção "Postal dos Correio" cantada pelo grupo "Rio Grande"na minha disciplina de área de projecto. Queria saber se a expressão "oliveiras de candeio" está-se a referir a oliveiras situadas num determinado lugar. Espero que me responda rapidamente. Obrigado!

j. monge disse...

Claro que respondo, Nuno. Basta que me mandes o teu endereço de email. Podes utilizar o meu que está na caixa de perfil.
Bom trabalho!