eu hei-de chegar à fala
a entender o que digo
cada palavra é postigo
por onde me assomo à rua
e lá vais tu doce e branda
em tua saia tão nua
que até a fala desanda
e nada do que insinua
tem o seu próprio recado
tudo se vira ao contrário
muda de significado
e a minha fala é armário
de um canto desarrumado
9 comentários:
A pátria é minha língua.
A fala é meu passaporte.
Flor do lácio.
A nossa língua, o que é que pode?
Nada como uma bela poesia para começar bem o dia!
Um beijo
Pois, por vezes, as palavras enredam-se e não dizem o que a gente quer que digam.
Mas as palavras dos teus poemas fazem-nos entender o que queres dizer.
E continuas a publicar, ali no cabeçalho, fotos espantosamente belas.
Quem fica sem fala sou eu perante a tua poesia.
É lindo o poema!
eu hei-de chegar à fala comigo (como tu fazes contigo)!
É... há coisas que nos viram tão do avesso, que nem as palavras nos sobram.
Poema lindo!
Beijo.
Este poema é belíssimo, de um lirismo cativante. Fico sem mais palavras!
...que até fala desanda
e nada do que se insinua
tem o seu próprio recado...
Tudo por causa da saia ou do armário desarrumado?
Como sempre, me emociono.
Adoro suas visitas e seus comentários sagazes.
Beijos João
Rossana
....cada palavra um postigo....
E uma frase, o que será?...
Bonito, claro!
Ema
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