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quarta-feira, 27 de maio de 2009

CHEGAR À FALA

eu hei-de chegar à fala
a entender o que digo
cada palavra é postigo
por onde me assomo à rua
e lá vais tu doce e branda
em tua saia tão nua
que até a fala desanda
e nada do que insinua
tem o seu próprio recado
tudo se vira ao contrário
muda de significado
e a minha fala é armário
de um canto desarrumado

9 comentários:

Franzé Oliveira disse...

A pátria é minha língua.
A fala é meu passaporte.
Flor do lácio.
A nossa língua, o que é que pode?

anamarta disse...

Nada como uma bela poesia para começar bem o dia!
Um beijo

peciscas disse...

Pois, por vezes, as palavras enredam-se e não dizem o que a gente quer que digam.
Mas as palavras dos teus poemas fazem-nos entender o que queres dizer.

E continuas a publicar, ali no cabeçalho, fotos espantosamente belas.

mariaivone disse...

Quem fica sem fala sou eu perante a tua poesia.
É lindo o poema!

San disse...

eu hei-de chegar à fala comigo (como tu fazes contigo)!

Lena disse...

É... há coisas que nos viram tão do avesso, que nem as palavras nos sobram.

Poema lindo!
Beijo.

com senso disse...

Este poema é belíssimo, de um lirismo cativante. Fico sem mais palavras!

Batom e poesias disse...

...que até fala desanda
e nada do que se insinua
tem o seu próprio recado...

Tudo por causa da saia ou do armário desarrumado?

Como sempre, me emociono.
Adoro suas visitas e seus comentários sagazes.

Beijos João
Rossana

Anónimo disse...

....cada palavra um postigo....
E uma frase, o que será?...

Bonito, claro!

Ema