a serpente nas artérias
leva gente empacotada
o sol partiu de férias
e ninguém vê quase nada
corpo de homem e mulher
é rastilho é palha seca
quem quer, quem quer
dar o corpo de hipoteca
dar o corpo ao manifesto
pé em riste, pé na tábua
vou-me embora, já não presto
um café e um copo de água
somos todos quase santos
somos todos animais
andamos nus pelos cantos
para ficarmos iguais
água mole em pedra dura
leva tudo prà valeta
até que a veia se fura
à procura de um cometa
quem és tu, como te chamas?
dá-me um beijo de cinema
quantos amas, quantas camas
quantas aves tem uma pena
não sei se vou voltar a ver-te
mas vou guardar-te comigo
talvez o coração acerte
e faça do teu corpo o meu abrigo
9 e meia, meia-fúria
meio-dia, fúria e meia
5 e meia na penúria
e uma fúria volta e meia
quem quer, quem quer
um espelho para o clímax
é cegar de tanto ver
sai um rissol de xanax
a serpente nas artérias
serpenteia rua em rua
não há tempo pra misérias
é dar um tiro na Lua
não sei se vou voltar a ver-te
mas vou guardar-te comigo
talvez o coração acerte
e faça do teu corpo o meu abrigo
Música: Manuel Paulo
3 comentários:
Ao teu estilo. Se me perguntassem quem tinha escrito estes versos eu diria que só podias ter sido tu! Beijos.
Que bela forma de comemorar um 10 de Junho: em rodopio caótico de palavras e emoções...
Bem ao jeito português?
Então, que "Viva Portugal!"
Bem ao teu jeito?
Então... e "Viva Tu!"
Beleza de poema...
Beijo.
todos voamos, também!
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