AQUI HÁ

quarta-feira, 10 de junho de 2009

ILHA BABILÓNIA

a serpente nas artérias
leva gente empacotada
o sol partiu de férias
e ninguém vê quase nada
corpo de homem e mulher
é rastilho é palha seca
quem quer, quem quer
dar o corpo de hipoteca
dar o corpo ao manifesto
pé em riste, pé na tábua
vou-me embora, já não presto
um café e um copo de água

somos todos quase santos
somos todos animais
andamos nus pelos cantos
para ficarmos iguais
água mole em pedra dura
leva tudo prà valeta
até que a veia se fura
à procura de um cometa
quem és tu, como te chamas?
dá-me um beijo de cinema
quantos amas, quantas camas
quantas aves tem uma pena

não sei se vou voltar a ver-te
mas vou guardar-te comigo
talvez o coração acerte
e faça do teu corpo o meu abrigo

9 e meia, meia-fúria
meio-dia, fúria e meia
5 e meia na penúria
e uma fúria volta e meia
quem quer, quem quer
um espelho para o clímax
é cegar de tanto ver
sai um rissol de xanax
a serpente nas artérias
serpenteia rua em rua
não há tempo pra misérias
é dar um tiro na Lua

não sei se vou voltar a ver-te
mas vou guardar-te comigo
talvez o coração acerte
e faça do teu corpo o meu abrigo

Música: Manuel Paulo

3 comentários:

Paula Raposo disse...

Ao teu estilo. Se me perguntassem quem tinha escrito estes versos eu diria que só podias ter sido tu! Beijos.

Lena disse...

Que bela forma de comemorar um 10 de Junho: em rodopio caótico de palavras e emoções...
Bem ao jeito português?
Então, que "Viva Portugal!"
Bem ao teu jeito?
Então... e "Viva Tu!"

Beleza de poema...
Beijo.

San disse...

todos voamos, também!