AQUI HÁ

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O CORVO

Tenho um corvo à flor da pele
Vive de uma ferida aberta
Acorda quando me deito
Levanta voo do meu peito
Sempre, sempre à hora certa

Passa por aquela casa
Onde resta uma roseira
Dá contigo junto ao mar
Beija-te sem te acordar
Depois fica a noite inteira

Entra pela minha vida
Como a Lua no jardim
Pendura tudo o que valha
No gume de uma navalha
Traz-me pedaços de mim

Tenho um corvo à flor da pele
Um irmão da minha idade
Acorda quando me deito
Levanta voo do meu peito
Diz que se chama Saudade

Música: João Gil

7 comentários:

Lena disse...

Muito, muito, muito bonito...

Beijo.

Paula Raposo disse...

Perfeitamente belo! Gostei imenso. Muitos beijos.

Silvestre Gavinha disse...

Que lindo Monge.
Esse mesmo corvo devagar me traz de volta, as vezes.
Se não a mim mesma, aos amigos.
Marie

Mário Lopes disse...

Mais uma belíssima variação do João Monge sobre a saudade. Na voz da Aldina é uma mulher. E como voa!...

peciscas disse...

Além desse corvo, tens à flor da pele o segredo que transforma as palavras em voos para a emoção.

Batom e poesias disse...

É uma das mais lindas definições de "Saudade" que já li.
Adorei João!
bjs
Rossana

mariaivone disse...

Tão bonito...