Soas-me sem te ouvir, o que é estranho
Soas-me do lado da almofada, do lado onde por vezes me soa a própria pulsação
Gosto de a ouvir bater, sinto-me vivo... é o coração de gatas dentro da almofada
É assim que me soas: não falas, não respiras, não nada... e no entanto soas-me a tempo com a pulsação
É a incorporação da saudade...
Não te ouço uma única sílaba, uma única ideia, nada, nada... no entanto, a palpitação da almofada, que começou por ser rude e seca, transforma-se num som que só pode vir de ti
Deve ser a química das penas
É por isso que todas as mulheres amadas têm nomes de ave
O teu é certamente um nome de ave. Se ela ainda não existe é um vazio da Criação
Nestes tempos que correm, até Deus tem direito a um pequeno atraso
A orelha que fica de fora morre de ciúmes do que a outra ouve...
É terrível a dor que dá. É o bichinho do ouvido
Quando se ouve a mulher amada na pulsação, só há duas hipóteses: ou se consegue dormir com outra almofada por cima, ou então sobe-se a um banco e corta-se a orelha que está a mais.
Dizem que assim se adormece
entre girassóis e noites estreladas
Faltam-me as ganas de uma navalha…
Ao lado do coração chamarei bombordo, ao lado que está a mais chamarei estibordo
Deito-me sempre a bombordo e ouço-te do lado onde a terra se avista e todas as descobertas são possíveis.
Assim me deixo ir, no mar bravo e seu reverso
e me deixo adormecer com o pulsar do Universo
Soas-me do lado da almofada, do lado onde por vezes me soa a própria pulsação
Gosto de a ouvir bater, sinto-me vivo... é o coração de gatas dentro da almofada
É assim que me soas: não falas, não respiras, não nada... e no entanto soas-me a tempo com a pulsação
É a incorporação da saudade...
Não te ouço uma única sílaba, uma única ideia, nada, nada... no entanto, a palpitação da almofada, que começou por ser rude e seca, transforma-se num som que só pode vir de ti
Deve ser a química das penas
É por isso que todas as mulheres amadas têm nomes de ave
O teu é certamente um nome de ave. Se ela ainda não existe é um vazio da Criação
Nestes tempos que correm, até Deus tem direito a um pequeno atraso
A orelha que fica de fora morre de ciúmes do que a outra ouve...
É terrível a dor que dá. É o bichinho do ouvido
Quando se ouve a mulher amada na pulsação, só há duas hipóteses: ou se consegue dormir com outra almofada por cima, ou então sobe-se a um banco e corta-se a orelha que está a mais.
Dizem que assim se adormece
entre girassóis e noites estreladas
Faltam-me as ganas de uma navalha…
Ao lado do coração chamarei bombordo, ao lado que está a mais chamarei estibordo
Deito-me sempre a bombordo e ouço-te do lado onde a terra se avista e todas as descobertas são possíveis.
Assim me deixo ir, no mar bravo e seu reverso
e me deixo adormecer com o pulsar do Universo
9 comentários:
ena pá...
apaixonado.
apaixonante.
só você mesmo...
Parabéns !
beijo
Excelente descrição de SAUDADE.
Bjs e boa semana.
UAU!
e mais não consigo...
Só os Poetas não têm estas insónias...
Beijos.
Mais um dos teus poemas que, não há palavras....
Lindo, como já nos habituaste!!
Bjos Ema
Não tens as ganas de Van Gogh, mas tua caneta é tão fantástica quanto.
Estibordo é o lado triste como os girassóis secos.
Lindo, poeta.
bjs
Enorme, perfeito, belíssimo!...Nunca te cansas de procurar a beleza em cada verso e de a transmitir em toda a sua pureza, para que nos elevemos contigo ainda mais e mais, tocados pela tua sensibilidade única! Maravilhoso poema!
Lembrei por que fico uns tempos sem cá vir.
Teu lirismo inunda de uma saudade imensa aquilo que tenho na alma sem talento para dizer.
Tu tens!
Amei também este poema, como todos os teus.
Tua poesia é pródiga em girasóis e estrelas.
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