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sexta-feira, 30 de abril de 2010

ÀS VEZES SINTO-ME BEM

Às vezes sinto-me bem…
Sinto-me filho legítimo da casa na falésia
e o herdeiro da janela
Sinto-me a parte impura do mar
ou seja, aquela que não serve para nada,
mas lhe dá significado

Às vezes sinto-me o velho
que ainda não sou e sinto-me bem
como se o sol me atravessasse
para se desfiar no gato que me dorme ao colo

Sou a extensão do gato

Às vezes sinto-me bem…
Sinto que tudo o que fiz de errado
acabou por bater certo
E é por isso que existem a casa, o mar, o sol, o gato..

Deve haver uma razão cósmica para tudo isto
no fundo da minha algibeira
juntamente com a lista do supermercado

Já não tenho idade para andar de bicicleta
Sem mãos

7 comentários:

San disse...

perfeito

MariaIvone disse...

João
Excelente foto, lindo poema!
Lá no fundo da tua algibeira, juntamente com a lista do supermercado, bem que deve haver uma razão para isso.
Mil beijos

lau disse...

Cada vez acredito mais que há uma razão cósmica para tudo e que no fim a vida se encarrega de juntar todos os pedaços e de lhes dar sentido.Belo poema.Parabéns

Anónimo disse...

Que bela imagem, esta!!

Bom, e o poema, está......delicioso!!

Ema

zoltrix disse...

Deves ter uma algibeira como a do Poeta JGF: ele tinha uma de onde tirava um regato que punha a correr pelo café...
Só os poetas têm algibeiras assim...

Zélia Guardiano disse...

Poema maravilhoso! Encantou-me! Fico-lhe grata por esse deleite...

Um abraço

Jéssyca Carvalho disse...

Lindo, lindo poema!
Sinta-se, sempre, não importa de qual modo for...
Sentir é o essencial...
O resto, o resto vai ficando pro final...

Adorei!!!