Choveu sangue em Al-Madan
e as mulheres saíram à rua para povoar o silêncio circular do medo
A mulher de negro pariu uma pomba da voz
e a lua ficou vermelha de vergonha e reflexo
Todos os amantes perderam o norte, o oiro, o nexo e o segredo
Como bandos de pardais extintos subiram aos telhados
vermelhos de sangue e barro
Amantes crucificados
Filhos da pomba parida das entranhas da manhã
Beijam os lábios em ferida…
e choveu sangue em Al-Madan
-Matem a pomba, a lembrança!
Todo o amor é loucura!
-Matem essa falsa esperança
Que só voa e não perdura!
E a mulher de ventre aberto
Mãe de negro ainda em ferida
Se um dia sou mãe da morte, um dia sou mãe da vida
Empunhando a cimitarra cintilante de romã
rasgou entre as duas asas a boca de uma guitarra
Fez-se um silêncio vermelho
E choveu sangue em Al-Madan
4 comentários:
Nossa, que lindo isso. Cheio de imagens que tanto conheço. Uma música da qual vou sempre sentir falta.
-Matem a pomba, a lembrança!
Todo o amor é loucura!
-Matem essa falsa esperança
Que só voa e não perdura!
Por que asssim e só assim nos leva adiante.
Como Betânia: "nada além de uma ilusão, chega bem. É demais para o meu coração.
Obrigada pela acolhida e retribuição da visita. Tua casa é uma delícia. Portuguesa com certeza. E muito me apraz sua versalhação.
Grande abraço
Marie
Que imagens. Fantástico. Desconhecia por completo!
Um excelente 2009
é preciso que chova sangue, é preciso que o silêncio seja vermelho, é preciso que as mulheres saiam à rua, para que o silêncio não se torne branco, amortalhado na raiva e na impotência!
e é preciso que tu continues a escrever...
em Al-madan ,o sangue derramado regou o chão dos poetas futuros
por isso te encontraremos lá
olhando a sul
em al-madan
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