AQUI HÁ

sábado, 3 de janeiro de 2009

NUNCA PARTO INTEIRAMENTE

Nunca parto inteiramente,
não me dou à despedida
As águas vão simplesmente
presas à sua nascente
é do seu modo de vida

Fica sempre qualquer coisa
qualquer coisa por fazer
Às vezes quase lamento
mas são coisas que eu invento
com medo de te perder

Deixei um livro marcado
e um vaso de alecrim
Abri o meu cortinado
fiz a cama de lavado
para te lembrares de mim

Nunca parto inteiramente
Vivo de duas vontades:
uma que vai na corrente,
a outra presa à nascente
fica para ter saudades

Música: Manuel Paulo

5 comentários:

Mariana Monge disse...

Li algures que o percurso de um homem é feito numa bóia, descendo o rio, umas vezes pára na margem, mas sempre com o objectivo de alcançar o mar.

Um enorme beijo
MMM

San disse...

a memória da água, que nos faz gente, descrita da maneira mais bonita que já li/ouvi!

JOAQUIM CASTILHO disse...

Belíssimo poema.Votos de um 2009 cheio deles!!

Emília e Quim

Anónimo disse...

"Nunca parto inteiramente
Vivo de duas vontades:
uma que vai na corrente,
a outra presa à nascente
fica para ter saudades"

É tão bonito que até doi!

Anónimo disse...

É este o problema das partidas:
É o diabo, soltar as amarras!
Deixar as coisas conhecidas,
Amadas, seguras, queridas
E largar-se à vida com garras.

O teu poema é simplesmente lindo!

Lena