sentiu na pele
um calor carmim
olhou-se ao espelho
e soube que sim
depois no peito
todos os sinais
o eco dos milagres naturais
correu à praia
como em rapariga
subiu a saia
molhou a barriga
contou as luas
brincou com os pés
e soube da vontade das marés
será Maria
pode ser João
depois ouvia
o palpite da paixão
juntou as letras
em linhas de areia
e esperou pela lua-cheia
era a eleita
era a favorita
fica a suspeita
que era a mais bonita
dona e senhora
de um poder fecundo:
o primeiro dia do mundo
* Parabéns, Solange!
Música: Jorge Prendas
5 comentários:
E assim se descreve, com tanta leveza, toda a complexidade da simplicidade do primeiro dia do mundo...
Que poema tão lindo!
Beijo.
Que bonito o teu poema.
Que bonito estar de esperanças.
Quando te leio fico sempre como que "entorpecida" perante a forma como organizas as ideias e as verbalizas em texto.
Não sei se "entorpecida" será o termo correcto para descrever o que sinto, talvez fique melhor dizer "atordoada" pelo embalo rítmico com que a tua escrita nos envolve.
Obrigada por partilhares.
Bjos
Acompanhar a viagem de uma mulher tocada pelo poder fecundo até à sua lua-cheia, é algo de tão fascinante como mágico.
Sentir , na barriga túrgida, o palpitar da vida que desabrocha, é um prazer único.
Só quem faz do amor um modo de ser e de ver, pode captar, até à última gota, esse fascínio, essa magia, esse prazer. E embrulhar tudo isso nos versos de uma bela canção, eleva tal poder até aos limites da intemporalidade.
Tu tens,evidentemente, esse dom.
Joào, teu poema é tecido por uma matéria feito barro, terra fecunda de palavras que brotam e sinalizam uma boa colheita. A Solange deve ter fundado uma nova terra para poder receber um poema tào lírico e terno. bjs
João...
Você me deixou sem palavras...
Que belo presente... encheu-me o peito e a vida... porque são desses tesouros que a gente precisa...
E, certamente um novo primeiro dia do mundo se fez...
Hoje...
Nasci em suas palavras...
Carinho especial,
Solange
http://eucaliptosnajanela.blogspot.com
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