Olá, meu bem
não podia ficar sem
dizer tudo o que o mar tem
que me faz por cá ficar
Bate a saudade
mas para falar verdade
fico para a eternidade.
Escuta bem que eu vou contar:
Há futebol
aos Domingos no atol
peixes verdes, encarnados
e a solha do costume
e à semana
o suco da barbatana
é andarmos entrosados
no bailinho do cardume
Faz lá ideia
que num castelo de areia
uma sereia aprisionada
cantava triste à janela
Fui a caminho
no meu cavalo-marinho
armado de um peixe-espada
pra libertar a donzela
Nessa manhã
deixei de ser homem-rã
virei peixe-D'Artagnan
sou o maior do recife
A multidão
da sardinha ao tubarão
já me tratam por irmão
e fizeram uma manif
Pois é, meu bem
aqui o mar também tem
peixe que não tem vintém
e o polvo tem demais
Mas cá no fundo
isto é mesmo um outro mundo
até peixe-vagabundo
pode nadar nos corais
Adeus, meu bem
Escuta o búzio que te dei
Tem um beijo que deixei
para sempre em meu lugar
Põe no diário
que no teu aniversário
passo no teu aquário
na minha estrela-do-mar
Música: Ricardo Cruz
12 comentários:
Que responsabilidade ser a primeira a comentar essa preciosidade absurdamente bela e surreal.
Que dizer mais, a não ser deixar-me encantar pela imaginação de um poeta marinho?
É o mundo mesmo circular, poeta!
bjs
Rossana
poesia submarina?
Gosto desse fundo do mar!
Continua a mandar cartas, um dia destes visito-te
Para nos deslumbrar, saiu de uma ostra uma pérola de poesia marinha trazida pelo João Monge do seu imaginativo fundo de coral. E como ele sabe nadar!
Humm... 'tá-se bem, aí no fundo do mar...
Beijo.
Mas, afinal, também conheces os segredos do mar. As coisas que tu sabes, João!
Ser irmão desses seres todos que habitam as profundezas, é um privilégio de que poucos se podem gabar.
E só tu conseguirias rimar "recife" com "manif". Brilhante!
Os sons dos búzios guardam o segredo de algumas palavras.
Cumpts,
Chris
O fundo do teu mar é igual ao que vi na televisão, falta ar, é como escreveres amor sem teres a coragem de amar, a tua paixão serve bem uma canção mas está longe da apeneia da poesia de quem arrisca a sua sorte num mergulho, vê a morte e morre só.
Eu gosto desse som dos búzios...beijinhos.
os tipos que inventaram o Nemo deviam ter lido este teu poema antes de fazerem o "movie"....
...
abraços muitos
e inté
Excelente! Adorei: "Escuta o búzio que te dei
Tem um beijo que deixei
para sempre em meu lugar".
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