Eu hei-de ser das cerejas,
da vertigem dos cardumes,
do mistério dos pardais
Hei-de ser o que tu sejas,
aquilo a que te resumes:
as orações naturais
Eu hei-de ser vento norte
Rir-me na cara da morte
A dança do colibri
Mas hei-de ser do meu peito,
desta dor com que me deito
só porque me dói de ti
Eu hei-de ser das cerejas,
do luar na primavera,
labirinto do prazer...
Hei-de ser o que desejas
que por ti sabes que espera
enquanto a lua quiser
Eu hei-de nascer do nada
como a papoila encarnada
que nada fez por nascer.
Hei-de nascer tua amada,
sem uma razão nem nada,
mas só porque tem de ser
Música: João Maria dos Anjos
6 comentários:
Adorei!! Está lindísismo! Beijinhos.
Depois das papoilas e romãs, as cerejas.
Sempre o rubro grito natural associado ao amor que não é preciso explicar por sábias alquimias.
Apenas existe e acontece, quando a alma se desprende e vai por aí à solta.Sem rumo e sem razão.
Adorei! È Lindo! Como tudo o que aqui leio e o que conheço dos seus trabalhos!
Um beijo e desejos de bom fim de semana
belíssimo fado vermelho, Mestre!
... e o que tem de ser, tem muita força.
Poema lindo!
Beijo.
Adoro cerejas.
Beijo
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