AQUI HÁ

terça-feira, 10 de março de 2009

SE AO MENOS HOUVESSE UM DIA

Se ao menos houvesse um dia
Luas de prata gentia
Nas asas de uma gazela
E depois do seu cansaço
Procurasse o teu regaço
No vão da tua janela

Se ao menos houvesse um dia
Versos de flor tão macia
Nos ramos com as cerejas
E depois do seu outono
Se dessem ao abandono
Nos lábios quando me beijas

Se ao menos o mar trouxesse
O que dizer e me esquece
Nas crinas da tempestade
As palavras litorais
As razões iniciais
Tudo o que não tem idade

Se ao menos o teu olhar
Desse por mim ao passar
Como um barco sem amarra
Deste fado onde me deito
Subia até ao teu peito
Nas veias de uma guitarra

Música: Casimiro Ramos (Fado Três Bairros)

7 comentários:

peciscas disse...

Um dos meus fados preferidos.
Na interpretação do Camané, a gente até se arrepia de emoção.
Se fosse ainda preciso dizer que és um grande poeta, bastava a letra deste fado.
Ficarás na história da música portuguesa como ficaram o Ary, o Mourão-Ferreira, o Homem de Melo, o Gedeão, o Frederico de Brito e mais alguns (não muitos mais...)

San disse...

ay, hombre

Se ao menos o mar trouxesse
O que dizer e me esquece
Nas crinas da tempestade
As palavras litorais
As razões iniciais
Tudo o que não tem idade

credo, e podias pousar a pena (sic)!

Silvestre Gavinha disse...

Se ao menos houvesse um dia ... inteiro para mergulhar na tua poesia.
Demais poeta! Demais!
Mas não excede.
Beleza pura.
Marie

anamarta disse...

Adoro este poema! é um dos fados em que mais gosto ouvir o Camané! Como diz o meu amigo Peciscas arrepia-nos ouvi-lo!
Como sempre que aqui venho, saio encantada! Obrigada Poeta!
Um beijo

José Leite disse...

Fado é mais fado com poemas assim...

Paula Raposo disse...

Uma maravilha!!

Anónimo disse...

O Fado que me fez amar Fado!
Obrigado,

Helga