Habitas refúgio das palavras
O ninho dos verbos clandestinos
Onde elas são a terra que tu lavras
E nascem para ter outros destinos
Aí se faz o luto das batalhas
Aí se lava o sangue das orgias
Aí se fecham todas as navalhas
Aí se faz a paz todos os dias
Dizes terra para dizer calor
Calor para dizer o pão
O pão para dizer amor
Amor para dizer joão
É dessa tua fala clandestina
Que usa o alfabeto dos sentidos
Que as montanhas falam em surdina
E os oceanos enchem os ouvidos
Aí se faz o luto das batalhas
Aí se lava o sangue das orgias
Aí se fecham todas as navalhas
Aí se faz a paz todos os dias
Dizes terra para dizer calor
Calor para dizer o pão
O pão para dizer amor
Amor para dizer joão
Música: Jorge Prendas
10 comentários:
para quando a publicação? o lugar da tua poesia não pode ser apenas a voz de quem a canta ou o ecrã dos nossos monitores. não está certo. nem é justo.
Bem visto, concordo com a San.
Parabéns, mesmo!
As palavras, por vezes são um mero disfarce, um pretexto para não nos desnudarmos totalmente.
Que bonito João!
Quantos alfabetos se descobrem nestas clandestinidades partilhadas.
Quantas vezes não dizemos isto, querendo mesmo é dizer aquilo ?!...
João, você é sábio, é poeta, é divino !!!!
Beijo especial,
Solange
http://eucaliptosnajanela.blogspot.com
A San tem toda a razão. Para quando João Monge? A não ser que entenda que já é suficientemente reconfortante que os seus poemas sejam espalhados ao vento como os lírios, na voz de cantores como a Aldina. Até seria uma honra, nós sabemos. Mas, não é justo. O João Monge merece mais.
Fala a uma só voz.
Belíssima porta de entrada. Como o abandonado se pode tornar belo.
Luminosa foto.
João
Se o poema é bom por si só e a música também, quem consegue acasalar ele e ela é bem mais que iluminado.
É sempre esperado que um poeta publique, mas para ser cantado, seus versos tem que ser especiais.
Não conheço a música, mas o poema é belíssimo.
Concordo com todos. Os teus poemas são bons demais para serem só cantados. Quero tê-los todos num livro para pôr na minha mesinha de cabeceira.
Bj
MM
PS: as editoras de livros devem andar distraídas para não andarem atrás de ti.
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