AQUI HÁ

sexta-feira, 22 de maio de 2009

UM PEIXE NO CÉU-DA-BOCA

porque me prendes e eu gosto?
gosto dos anéis cruzados e dos braços que se dão
às vezes gosto dos mapas sem destino a onde ir dar
mas também gosto das lapas
na rocha que se alimenta
de saber o seu lugar.
gosto do gosto que tem não procurar outro gosto
e de ser todo de alguém, só porque sim, porque gosto

gosto de ser tua presa…
não a presa que tem dor
mas a de outra natureza:
a da presa que é liberta
só na prisão do amor.

sou como o peixe vadio
que encontra as suas algas
e fica dias a fio
por entre as crinas do mar
até delas fazer parte.
ser bailado e oração
deus de mim e meu senhor
para te pedir ao deixar-te
prende-me a ti, meu amor

porque me prendes e eu gosto?
porque sempre fui assim e nunca me libertei
e só me prendi a mim
quando um dia te encontrei

7 comentários:

San disse...

ó pá, ó pá, o que é que se pode comentar a uma maré viva destas!?!?

Escrivaninha disse...

É lindo este poema!
"Gosto do gosto que tem não procurar outro gosto"
Tão lindo, que me apeteceu dizer que gosto do gosto desta inspiração.

peciscas disse...

Também gosto deste tipo de prisão que tão bem cantas neste poderosamente belo poema de amor.
E não te livras de que o use para o dizer à predadora de quem gosto de ser presa que quero ficar aqui, sem me libertar, peixe vadio que encontrou o seu lugar.

Batom e poesias disse...

"É querer estar preso por vontade"

Camões escreveu assim e você reinventou a definição, e no fim, tudo é amor.

Gosto!
Muito!

Beijos João
Rossana

mariaivone disse...

Ó João!

Vadio mas de uma fidelidade incomensurável...

cristinasiqueira disse...

Gosto porque gosto
e se não gosto ,desgósto
E por gostar te digo
que passeei pelos posts
e com muito gosto,por gosto
fico com as preces.Pequeninas,lindas!

Com carinho,

Cris

Paula Raposo disse...

Eu também sou assim e gosto muito! Beijos.