quando te distrais não somos Nada
somos o violino sem alma
e a gargalhada do vulcão
o lastro da cega foice
e o pranto dos ofendidos
somos sangue sem sentidos
e o reverso da oração
quando te distrais não somos Nada
mas quando um dia formos Nada
formos a pedra em criança
no ventre da terra mãe
tu serás Nada também
porque nos fizeste e bem
à tua imagem e semelhança
4 comentários:
Ha muito nāo vinha aqui. Nemsei o porque. Mas que saudade da pura beleza da tua poesia.
Lindo demais esse lamento acusador.
Tens razão. E a beleza.
É isto, demasiado triste esta lágrima seca. Uma realidade cruel de um sistema vil. Resta a reconstrução porque se pensarmos que, em cada País há um Haiti, há muito a ser feito.
E calados diante da imensa tragédia, restam ações, gestos de amor e poesia.
Abraços.
Há aqui muito de Voltaire.
Uma acusação poética de grande sensibilidade. A impotência de sermos muito pouco perante a injustiça das forças em presença.
Estás revoltado com Deus, poeta...
O mundo explode-se em tragédias e vem a imperiosa sensação de que não há ninguém por ninguém.
Ninguém a cuidar de Nada.
Somos tão pequenininhos...
É um lindo poema, mas tua caneta parece triste.
bjs
Rossana
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