AQUI HÁ

sábado, 6 de fevereiro de 2010

LÁGRIMA SECA (pelo Haiti)

quando te distrais não somos Nada

somos o violino sem alma
e a gargalhada do vulcão
o lastro da cega foice
e o pranto dos ofendidos
somos sangue sem sentidos
e o reverso da oração

quando te distrais não somos Nada

mas quando um dia formos Nada
formos a pedra em criança
no ventre da terra mãe
tu serás Nada também
porque nos fizeste e bem
à tua imagem e semelhança

4 comentários:

Silvestre Gavinha disse...

Ha muito nāo vinha aqui. Nemsei o porque. Mas que saudade da pura beleza da tua poesia.
Lindo demais esse lamento acusador.
Tens razão. E a beleza.

Sueli Maia (Mai) disse...

É isto, demasiado triste esta lágrima seca. Uma realidade cruel de um sistema vil. Resta a reconstrução porque se pensarmos que, em cada País há um Haiti, há muito a ser feito.
E calados diante da imensa tragédia, restam ações, gestos de amor e poesia.

Abraços.

zoltrix disse...

Há aqui muito de Voltaire.
Uma acusação poética de grande sensibilidade. A impotência de sermos muito pouco perante a injustiça das forças em presença.

Batom e poesias disse...

Estás revoltado com Deus, poeta...

O mundo explode-se em tragédias e vem a imperiosa sensação de que não há ninguém por ninguém.
Ninguém a cuidar de Nada.

Somos tão pequenininhos...

É um lindo poema, mas tua caneta parece triste.

bjs

Rossana