eu hei-de chegar à fala
a entender o que digo
cada palavra é postigo
por onde me assomo à rua
e lá vais tu doce e branda
em tua saia tão nua
que até a fala desanda
e nada do que insinua
tem o seu próprio recado
tudo se vira ao contrário
muda de significado
e a minha fala é armário
de um canto desarrumado
quarta-feira, 27 de maio de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
BRICABRAQUE E PECHISBEQUE
Deu-me um brique na costela
E um braque que fez craque
E que craquejou comigo
Um brique que subiu pela espinhela
E um braque meio ataque
Nas traseiras do umbigo
Eu sou de bricabraque
Dá-me tudo e um achaque
Eu sou de bricabraque
Dá-me tudo e um achaque
E dá-me frio e arrepio e calafrio só de pensar já me vai dar...
… um funk na vazia
Deu-me um punk fancaria
E depois ainda me deu pra rezar
Deu-me um rap meio orgia
Pelos ossos da bacia
E desatei a pecar
Eu sou de bricabraque
Dá-me tudo e um achaque
Eu sou de bricabraque
Dá-me tudo e um achaque
Depois deu-me pra fazer comício
Que virou logo em bebício
Com rodela de limão
Deu-me para ser vira-lata
Vestir fato com gravata
E dançar à Pai Adão
Eu tenho um tique de alambique
Coisa chique, meio chilique
Anda cá baby, come back...
Não corras, ninguém te bate
Mais vale ser bricabraque
Do que ser de pechisbeque
Música: Manuel Paulo
E um braque que fez craque
E que craquejou comigo
Um brique que subiu pela espinhela
E um braque meio ataque
Nas traseiras do umbigo
Eu sou de bricabraque
Dá-me tudo e um achaque
Eu sou de bricabraque
Dá-me tudo e um achaque
E dá-me frio e arrepio e calafrio só de pensar já me vai dar...
… um funk na vazia
Deu-me um punk fancaria
E depois ainda me deu pra rezar
Deu-me um rap meio orgia
Pelos ossos da bacia
E desatei a pecar
Eu sou de bricabraque
Dá-me tudo e um achaque
Eu sou de bricabraque
Dá-me tudo e um achaque
Depois deu-me pra fazer comício
Que virou logo em bebício
Com rodela de limão
Deu-me para ser vira-lata
Vestir fato com gravata
E dançar à Pai Adão
Eu tenho um tique de alambique
Coisa chique, meio chilique
Anda cá baby, come back...
Não corras, ninguém te bate
Mais vale ser bricabraque
Do que ser de pechisbeque
Música: Manuel Paulo
sexta-feira, 22 de maio de 2009
UM PEIXE NO CÉU-DA-BOCA
porque me prendes e eu gosto?
gosto dos anéis cruzados e dos braços que se dão
às vezes gosto dos mapas sem destino a onde ir dar
mas também gosto das lapas
na rocha que se alimenta
de saber o seu lugar.
gosto do gosto que tem não procurar outro gosto
e de ser todo de alguém, só porque sim, porque gosto
gosto de ser tua presa…
não a presa que tem dor
mas a de outra natureza:
a da presa que é liberta
só na prisão do amor.
sou como o peixe vadio
que encontra as suas algas
e fica dias a fio
por entre as crinas do mar
até delas fazer parte.
ser bailado e oração
deus de mim e meu senhor
para te pedir ao deixar-te
prende-me a ti, meu amor
porque me prendes e eu gosto?
porque sempre fui assim e nunca me libertei
e só me prendi a mim
quando um dia te encontrei
gosto dos anéis cruzados e dos braços que se dão
às vezes gosto dos mapas sem destino a onde ir dar
mas também gosto das lapas
na rocha que se alimenta
de saber o seu lugar.
gosto do gosto que tem não procurar outro gosto
e de ser todo de alguém, só porque sim, porque gosto
gosto de ser tua presa…
não a presa que tem dor
mas a de outra natureza:
a da presa que é liberta
só na prisão do amor.
sou como o peixe vadio
que encontra as suas algas
e fica dias a fio
por entre as crinas do mar
até delas fazer parte.
ser bailado e oração
deus de mim e meu senhor
para te pedir ao deixar-te
prende-me a ti, meu amor
porque me prendes e eu gosto?
porque sempre fui assim e nunca me libertei
e só me prendi a mim
quando um dia te encontrei
quarta-feira, 20 de maio de 2009
COMO SERIA
É quase a noite
É quase um lago vazio,
o luar de um deserto cego e frio.
A mão fechada e nada,
é ter a espada e nada:
órfão de paixão.
Ter prazer na solidão.
Dançar com a tempestade,
morrer um pouco em cada dia,
sorrir da eternidade e não saber como seria.
Voltar ao mar de madrugada e morrer longe do mar,
sem fogo e sem ardor,
é não sonhar
a importância do amor.
Música: Manuel Paulo (OUVIR)
É quase um lago vazio,
o luar de um deserto cego e frio.
A mão fechada e nada,
é ter a espada e nada:
órfão de paixão.
Ter prazer na solidão.
Dançar com a tempestade,
morrer um pouco em cada dia,
sorrir da eternidade e não saber como seria.
Voltar ao mar de madrugada e morrer longe do mar,
sem fogo e sem ardor,
é não sonhar
a importância do amor.
Música: Manuel Paulo (OUVIR)
segunda-feira, 18 de maio de 2009
LUA AZUL
Quem tem
Medo da lua
Vai ao mar
Sem companhia
Quem tem
Medo da lua
Não verá
A luz do dia
As rosas morrem por si
As pedras casam no chão
E sempre será assim
Pela sua mão
Quem vai
Ao mar sozinho
Quem dirá
Se há-de voltar
As asas
Desse destino
São papel
Azul do mar
As rosas morrem por si
As pedras casam no chão
E sempre será assim
Pela sua mão
Música: João Gil (OUVIR)
Medo da lua
Vai ao mar
Sem companhia
Quem tem
Medo da lua
Não verá
A luz do dia
As rosas morrem por si
As pedras casam no chão
E sempre será assim
Pela sua mão
Quem vai
Ao mar sozinho
Quem dirá
Se há-de voltar
As asas
Desse destino
São papel
Azul do mar
As rosas morrem por si
As pedras casam no chão
E sempre será assim
Pela sua mão
Música: João Gil (OUVIR)
sábado, 16 de maio de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
ÁGUA DOIDA
escrevi-te em água e deu luz
já não sei onde te pus
tenho na mão o desuso
de encontrar o que reluz
e depois fico confuso
obtuso
infuso
um abuso…
será que a água deu à luz?
para não entrar em parafuso
faço como a avestruz
escrevi-te em água e deu luso
merda!
já não sei onde te pus
tenho na mão o desuso
de encontrar o que reluz
e depois fico confuso
obtuso
infuso
um abuso…
será que a água deu à luz?
para não entrar em parafuso
faço como a avestruz
escrevi-te em água e deu luso
merda!
sexta-feira, 8 de maio de 2009
VALSA DE UM DIA TRISTE
Ela sentou no colo
o seu Livro da Vida
em busca de um consolo, de alguma saída
Deu com a resposta no “I” de iguarias
Juntou condimentos
tirou a baixela
para ter argumentos acendeu uma vela
e esperou o seu amor como todos os dias
Ele soou na escada
à hora do costume
entrou sem dar por nada, sem cheirar o lume
Nem sequer se deu ao trabalho de beijar
Com cara de enterro
esboçou um afecto
Esticou-se na sala, espalhou o esqueleto
Os olhos pelo chão são bolas de bilhar
Ela disse do quanto
havia aguardado
Ele chutou para canto. Disse «estou cansado»
Acabaram deixando tudo sobre a mesa
Ligaram a TV
para um canal qualquer
dos que ninguém vê esteja a dar o que der
Sintonizaram ambos a mesma tristeza
Disseram que já era tarde
sem abrir a boca
Na escuridão cobarde tiraram a roupa
A solidão uniu os dois na sua alcova
Dormiram lado a lado
com o pressuposto:
Achar um culpado que tivesse rosto
Alguém do seu tamanho a quem dar uma sova
Música: Jorge Prendas
o seu Livro da Vida
em busca de um consolo, de alguma saída
Deu com a resposta no “I” de iguarias
Juntou condimentos
tirou a baixela
para ter argumentos acendeu uma vela
e esperou o seu amor como todos os dias
Ele soou na escada
à hora do costume
entrou sem dar por nada, sem cheirar o lume
Nem sequer se deu ao trabalho de beijar
Com cara de enterro
esboçou um afecto
Esticou-se na sala, espalhou o esqueleto
Os olhos pelo chão são bolas de bilhar
Ela disse do quanto
havia aguardado
Ele chutou para canto. Disse «estou cansado»
Acabaram deixando tudo sobre a mesa
Ligaram a TV
para um canal qualquer
dos que ninguém vê esteja a dar o que der
Sintonizaram ambos a mesma tristeza
Disseram que já era tarde
sem abrir a boca
Na escuridão cobarde tiraram a roupa
A solidão uniu os dois na sua alcova
Dormiram lado a lado
com o pressuposto:
Achar um culpado que tivesse rosto
Alguém do seu tamanho a quem dar uma sova
Música: Jorge Prendas
quarta-feira, 6 de maio de 2009
O ASSOBIO DA COBRA
Às vezes fico tenso,
fico “penso, logo é triste”
fico sem voz e sem gosto
Com vontade de morder
as tuas maçãs do rosto
até chegar ao caroço.
Ser o arrepio do osso,
cobra de água de cisternas,
subir pelas tuas pernas,
provocar um alvoroço
Ser o dono da risada,
do ai-ai, não digas nada,
que eu tropeço na vontade
Mando às malvas a prudência,
ganho fama na cidade
Mas acabo mastigando,
remoendo e relembrando
o sabor da existência
Às vezes, fico leve,
fico “penso, logo é breve”
fico solto de alegria
E as tuas maçãs do rosto
Penso, logo já mordia!
É o assobio da cobra,
que se dobra e se desdobra,
na redonda melodia
E tu dizes «Já sabia!
Já sabia que caía»
No mar da tua risada,
no ai-ai, não digas nada,
que eu tropeço na vontade,
mando às malvas a prudência,
ganho fama na cidade
Mas acabo mastigando,
remoendo e relembrando
o sabor da existência
Música: Manuel Paulo
fico “penso, logo é triste”
fico sem voz e sem gosto
Com vontade de morder
as tuas maçãs do rosto
até chegar ao caroço.
Ser o arrepio do osso,
cobra de água de cisternas,
subir pelas tuas pernas,
provocar um alvoroço
Ser o dono da risada,
do ai-ai, não digas nada,
que eu tropeço na vontade
Mando às malvas a prudência,
ganho fama na cidade
Mas acabo mastigando,
remoendo e relembrando
o sabor da existência
Às vezes, fico leve,
fico “penso, logo é breve”
fico solto de alegria
E as tuas maçãs do rosto
Penso, logo já mordia!
É o assobio da cobra,
que se dobra e se desdobra,
na redonda melodia
E tu dizes «Já sabia!
Já sabia que caía»
No mar da tua risada,
no ai-ai, não digas nada,
que eu tropeço na vontade,
mando às malvas a prudência,
ganho fama na cidade
Mas acabo mastigando,
remoendo e relembrando
o sabor da existência
Música: Manuel Paulo
segunda-feira, 4 de maio de 2009
DÃO, DÃO, DÃO
Amor e gratidão
não são colegas de carteira
O amor só faz confusão
sangra o coração
jura que é prà vida inteira
A voz da gratidão
nem sequer jura agradar
Passa sem testamento
parece vento
mas acaba por ficar
amor e gratidão
dão, dão, dão...
Um dia eu hei-de dar-te
uma estrela de presente
Ter engenho e arte
ou, modéstia à parte,
ter um deus obediente
Só para te dizer
do fundo do meu coração
que estou grato por te amar
deu-me para juntar
tudo na mesma canção
amor e gratidão
dão, dão, dão...
Música: João Gil
não são colegas de carteira
O amor só faz confusão
sangra o coração
jura que é prà vida inteira
A voz da gratidão
nem sequer jura agradar
Passa sem testamento
parece vento
mas acaba por ficar
amor e gratidão
dão, dão, dão...
Um dia eu hei-de dar-te
uma estrela de presente
Ter engenho e arte
ou, modéstia à parte,
ter um deus obediente
Só para te dizer
do fundo do meu coração
que estou grato por te amar
deu-me para juntar
tudo na mesma canção
amor e gratidão
dão, dão, dão...
Música: João Gil
sábado, 2 de maio de 2009
NÃO DIGAS QUE NÃO TE AVISEI
Se a velha diz que vais quase nua
Não faças caso
Deixa-a falar
Se o pintas manda bocas na rua
Não ligues peva
Manda-o lixar
Se a vizinhança fizer escarcéu
E te ameaça
Mandar prender
Põe-te bonita de perna ao léu
Diz ‘ma chalaça
Fá-la sofrer
Deixa as etiquetas, dá corda aos sapatos, não temos as 7 vidas dos gatos
Deixa as etiquetas, dá corda aos sapatos, não temos as 7 vidas dos gatos
Se o cão de fila te quer filar
Manda-lhe um osso
Manda-o buscar
Se o mais reguila te convidar
Vai-lhe ao pescoço
Põe-te a ladrar
Depois, não digas que não te avisei!
Se as catatuas vão à igreja
Meter umas cunhas
Pra te salvar
É porque já estão verdes de inveja
Roendo as unhas
Pra não pecar
Depois, não digas que não te avisei!
Se a esperança um dia bater à porta
Faz-lhe um café
Manda-a sentar
Pois até os peixinhos da horta
Com muita fé
Conseguem nadar
Se vires que o caso está mal parado
Só armadilhas
Em contratempo
Agarra o braço ao teu namorado
E põe-te a milhas
Enquanto é tempo
Depois, não digas que eu te avisei!
Música: José Peixoto
Não faças caso
Deixa-a falar
Se o pintas manda bocas na rua
Não ligues peva
Manda-o lixar
Se a vizinhança fizer escarcéu
E te ameaça
Mandar prender
Põe-te bonita de perna ao léu
Diz ‘ma chalaça
Fá-la sofrer
Deixa as etiquetas, dá corda aos sapatos, não temos as 7 vidas dos gatos
Deixa as etiquetas, dá corda aos sapatos, não temos as 7 vidas dos gatos
Se o cão de fila te quer filar
Manda-lhe um osso
Manda-o buscar
Se o mais reguila te convidar
Vai-lhe ao pescoço
Põe-te a ladrar
Depois, não digas que não te avisei!
Se as catatuas vão à igreja
Meter umas cunhas
Pra te salvar
É porque já estão verdes de inveja
Roendo as unhas
Pra não pecar
Depois, não digas que não te avisei!
Se a esperança um dia bater à porta
Faz-lhe um café
Manda-a sentar
Pois até os peixinhos da horta
Com muita fé
Conseguem nadar
Se vires que o caso está mal parado
Só armadilhas
Em contratempo
Agarra o braço ao teu namorado
E põe-te a milhas
Enquanto é tempo
Depois, não digas que eu te avisei!
Música: José Peixoto
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